Macarons.
Aquele pedacinho de céu crocante por fora e esponjoso por dentro. Uma mistura maravilhosa de claras, açúcar e amêndoa. Parece fácil... mas não é!
Os macarons foram das primeiras coisas que quis aprender... sozinha. Escusado será dizer que muitas e muitas fornadas de fracassos já aconteceram.
(quem já experimentou fazer estes diabinhos sozinhos sabem do que falo certo?)
Primeiro comecei com os macarons de merengue francês e a verdade é que corriam bem na maior parte das vezes, mas... não gosto do aspecto mate com que ficam e da etapa de os ter que deixar secar primeiro (para criar uma capinha protectora) antes de levar ao forno. Chateia-me ter que esperar que essa capa se forme que pode demorar 30 minutos ou mais dependendo da humidade do ar da nossa cozinha.
Queria que ficassem lindos e brilhantes, não ter que esperar e isso só com os macarons de merengue italiano.
Resumidamente o que é o merengue italiano e francês?
Merengue Francês: as claras são batidas cruas e precisam ser assadas. Para fazê-lo, basta bater as claras em castelo com metade do açúcar e, quando o volume quadruplicar, acrescentar a outra parte.
Merengue Italiano: este merengue é feito a partir de uma calda de açúcar. Ela deve estar a 121°C e ser adicionada com cuidado às claras já levemente batidas.
Então, passei aos macarons de merengue italiano. Li várias receitas. Muitas. Mas engane-se quem pensa que o defeito é da receita. Caros leitores, não é. Podem fazer as que quiserem, se não souberem fazer todas as etapas como deve ser, corre mal. E mesmo a correr bem...
As receitas são idênticas, mais ingredientes ou menos, as proporções são normalmente iguais. A única coisa que as diferencia é a temperatura do forno. Numas a temperatura é 125 graus, outras, 140, 160... e se fosse só assim tudo bem, o problema mesmo é o tempo. Um minuto a mais ou a menos faz toda a diferença e não estou a exagerar. Fiz todos testes possíveis!
Vamos então à receita:
225g de farinha de amêndoa
225g de açúcar em pó
225g de açúcar
60g de água
2x 83g de claras de ovo
Pré aqueça o forno a 130 graus.
Junte o açúcar em pó com a farinha de amêndoa e triture num robot poucos segundos para que fiquem misturados e completamente em pó.
Peneire para uma taça grande de fundo redondo.
Num tacho leve ao lume o açúcar e água para fazer uma calda de açúcar.
Na batedeira bata 83g de claras em castelo e assim que a calda atingir 122 graus desligue e verta nas claras em castelo (ainda a bater) em fio.
Deixe bater até ficar um merengue brilhante.
Na taça da amêndoa com o açúcar em pó acrescente as restantes claras e misture com uma colher de pau.
(Sim, colher de pau. Já parti umas 5 espátulas bem conhecidas como Salazar, a fazer a macaronage!!!)
Misture tudo e faça uma pasta.
Se quiser adicionar corante é nesta fase. Adicione e misture novamente.
Quando o merengue estiver feito, adicione 1/3 a esta pasta e misture. Faça círculos e corte ao meio, círculos e corte ao meio. Adicione mais uma parte, repita. Adicione o restante, repita. A isto se chama macaronage. A arte de envolver o merengue à amêndoa.
A macaronage é essencial para que o macaron fique perfeito. Aliás, é o mais importante. Se não estiver no ponto nunca ficará completamente perfeito. Repito: esta parte é mesmo muito importante!!! Daí se quiser ser mesmo expert em macarons aconselho verdadeiramente uma formação com especialistas para captar exactamente o ponto correcto.
Continue a mexer em círculos e a cortar no meio até que a mistura fique tipo lava. Se conseguir que caia da colher sem quebrar e desenhar o numero 8 com ela, está pronto.
Coloque no tabuleiro um tapete de silicone. Eu não uso aqueles grossos castanhos com marcações. Gosto dos finos ou tipo teflon. O macaron fica pronto mais rápido.
Com a ajude de um saco de pasteleiro faça círculos (estes tapetes que têm os círculos desenhados ajudam no processo).
Quando estiver completo bata com o tabuleiro na bancada para retirar todo ar. Se tiver ar poderá muito bem explodir/quebrar dentro do forno.
Leve ao forno durante 17 min.
Mas atenção, e aqui é que está: 17 min no meu forno.
18 cozem de mais, 16 cozem de menos.
Quando mudei para os macarons italianos deixava-os secar ao ar (para ganhar a tal capinha) e só depois levava ao forno a 140 graus durante 12 min. Tudo corria bem e os macarons ficavam ótimos. Mas este processo como disse em cima chateia-me. Nos dias de chuva é muito chato. E sendo que o merengue italiano é extremamente estável este processo pode ser anulado.
Falei com vários colegas, inclusive com especialistas em macarons que me aconselharam a baixar o forno para 110 graus. Eu experimentei. Durante 20 min ficavam crus, 25 crus, 30 crus 35 crus... até que em conversa e segundo alguns livros experimentei os 130 graus e funcionou. Agora, como perceber se o macaron está pronto?
Abram a porta do forno e toquem nele. Se não se mover está pronto.... mas, (lá vem o mas!!!) um minuto a mais pode secar o macaron e em vez de esponjoso dentro fica duro. E já não é um macaron.
Quando retirar do forno deixe arrefecer e só depois é que retira do tapete.
Se a base estiver plana e por dentro estiver esponjoso está perfeito: parabéns! Agora é só rechear!
Recebi algumas mensagens e dúvidas no Instagram sobre os macarons que vou agora responder:
"Ficam com o chamado pézinho só de um lado" - pode não ter batido de igual forma o tabuleiro, o saco de pasteleiro não estava na vertical ou então o forno esta descalibrado
"Ficaram secos e ocos por dentro" - Demasiado tempo no forno
"O macaron não ficou estaladiço e muito crescido" - Macaronage mal feita
"Ocos por dentro/por baixo" - demasiado tempo no forno
"Não ganharam pé" - macaronage mal feita ou temperatura demasiado baixa no forno
"Ficam tortos e duros" - O saco de pasteleiro tem que estar na vertical; duros é porque estão demasiado tempo no forno
E vocês? Já tentaram fazer macarons?
Qual a dificuldade que tiveram até acertar?
Até breve!
Muito obrigada Vânia pela partilha vou fazer esta receita mas queria perguntar se as segundas claras sao misturadas sem bater? Obrigada Isabel Sousa
Também já ficaram com todos esses problemas, mas comeram-se, a última vez, ficaram enrugados, acho que foi calor a mais, ou melhor tempo demais, pode ter sido?
Muito obrigada pela sua explicação, cá em casa adoramos macarrons, mas as tentativas já foram muitas e falhadas e desmotivei... Tenho o meu filho mais novo sempre a perguntar porque não faço macarrons... Mas só de pensar o tempo gasto e nos custos e no fim nada de macarrons... Enfim foi um desabafo. Mais uma vez obrigada Fátima Moura